quinta-feira, 14 de março de 2013

Bairro de Ponta Grossa e Taquaruçú

Os Campos Gerais foram sendo ocupados pelos portugueses por volta de 1704, data da fixação das primeiras famílias dando início ao povoamento das terras que compreendiam os campos de Curitiba e de Castro. Nestas terras havia dois bairros o de Ponta Grossa e o do Taquaruçú que estavam juntos, segundo apontamentos de (LOPES –1999).
Em 1725, a Sesmaria do Botuquara, pertenceu ao espolio do Coronel Domingos Teixeira de Azevedo, pai do Frei Gaspar de Madre de Deus, ilustre sacerdote e historiador paulista segundo apontamentos de (LEÃO-1926). Botuquara, origem ao nome Botu (mosca varejeira), mais (cuara ou quara) quer dizer buraco do vale.
Em 6 de abril de 1750, foi criados o Distrito de Ponta Grossa, com o nome de Campos Gerais, com sede na Fazenda Botuquara, com uma área aproximadamente de 10 mil km quadrados. Para administrá-la foram nomeados Juízes e escrivão, Srs. José Antônio Domingues dos Santos e Manoel de Carvalho Souza.
Segundo (LEÃO –1926), diz que: em 1753 residia no Alto de Sant'Anna, situado nos Campos Gerais, o Sr. Francisco Luiz de Ramos, talvez seja este o local onde se encontra altaneira cidade de Ponta Grossa.
Em 1791, os campos de Curitiba e o de Castro foram separados. Em Castro ficaram os bairros de Ponta Grossa e o do Taquaruçú. Mas, os moradores já existentes que ocupavam as terras de ambos os bairros, continuaram a povoar a região.
Devido à separação dos Bairros, em 11 de março de 1796, o Governador Gal Bernardo José Lorena, atendendo proposição do capitão-mor da Vila de Castro, criou uma Companhia de Cavalaria de Ordenanças para o Bairro de Ponta Grossa, tendo como comandante o Sr. Cirilo Borges de Macedo.
No Bairro de Ponta Grossa eram moradores bem conhecidos segundo (LOPES-1999): Domingos Antônio, Francisco Pedroso, José Ferreira Pinto, José Antônio de Oliveira, Joaquim Antunes, Inácio Antunes, Francisco Antunes, José Antunes, Marcelo Antunes, Antônio Antunes, Córdula Maria, Domingos Ribeiro, Simão Pinheiro, Luzia Gonçalves.
Com a criação da Freguesia de Ponta Grossa, em 1823, a localidade do Botuquara, ficou pertencente ao município de Ponta Grossa, tornando-se Fazenda pastoril para reprodução e melhoria da raça do gado. Em 1876, a terra do Botuquara foi demarcada 26 lotes com uma área de 3.043 hectares para colonização de poloneses e brasileiros.
Em 1930, foi construída a Represa do Botuquara cuja água de boa qualidade abasteceu a cidade até a década de 1960, quando foi desativada. A caixa para distribuição da água estava situada no alto, onde hoje é o (lixão), de onde partiam os encanamentos passando pela fazenda Modelo, vindo em direção ao centro da cidade. Na pequena praça ao lado do Colégio Gal. Osório, havia a caixa de água conhecida como Recalque, que também foi desativada para dar lugar ao Módulo Policial. (extintos).
Atualmente a localidade do Botuquara oferece área de lazer com infra-estrutura, mas, sem atrativo, pois muitos temem que sua água esteja poluída pelos solos freáticos que foram sendo contaminados ao longo do tempo, pela enorme carga de lixo sólido que são despejados todos os dias na área municipal, contaminando as áreas lindeira, pois o lixão está sob divisores de água.
Uma parte da antiga Sesmaria foi desmembrada para a formação dum núcleo para assentamento dos imigrantes, e, uma parte a Fazenda Modelo e outra área para o Exército.
O Bairro Taquaruçú, no século XVIII foi povoado por portugueses, africano e espanhol, onde moravam as seguintes famílias: Manoel Nunes Siqueira, André Domingues, Tomé Vieira, José Pedroso de Morais, José Alves de Aguiar, Margarida Domingues (viúva de Bartolomeu da Rocha Carvalhaes), Cristóvão da Silva, João Domingues, capitão Rodrigo Felix Martins, tenente Jeremias dos Lemos Conde, José Pinheiro, Pedro Freire, Antônio Fernandes de Siqueira, Manuel Paes Domingues, Aniceta Martins, Mateus Martins, Joaquim Carvalho, José Fernandes entre outros.
O antigo Bairro do Taquaruçú foi elevado a Freguesia com a denominação de Conchas antes de 1833, pois nesta já se constituía o distrito de Santa Ana de Conchas. Elevada a categoria de Vila em 26 de março 1881, através da Lei nº 297, com a denominação São Sebastião das Conchas pelo Decreto Lei nº 650. Sendo suprimido o município de Conchas, pelo Decreto Estadual nº 2439 em 5 de dezembro de 1931 e anexado ao Município de Ponta Grossa, passando a denominar-se Distrito de Uvaia. Sendo limitado pelo Decreto Lei nº 18-A de 22 de julho de 1938.
O atual Distrito de Uvaia, designação anterior de Município de Conchas está situada às margens do Rio Tibagi, a 754 metros de altitude do nível do mar. Foi sede do município do mesmo nome (extinto). Teve seu auge com um grande florescimento do comércio, mas com o passar do tempo perdeu sua hegemonia política e vindo a ser anexado ao município de Ponta Grossa.
Na segunda metade do século XIX, fez com que a população de Conchas Velhas encruzilhada do oeste de Ponta Grossa (via Taquari), mudasse para as margens do Rio Tibagi em Uvaia, em função da ponte e conseqüentemente maior movimento de muares, sua importância cresceu, era um local de pouso das tropas vindas do sul via Guarapuava. Os compradores de gado dirigiam-se até esta localidade para fazer negócios, com o declínio do movimento de tropas, Uvaia entrou em decadência.
Ainda por algum tempo, as carroças dos alemães do Volga, movimentaram a Vila; porém os caminhões vieram substituir as carroças, não havendo necessidade de pernoitar em Uvaia, levando ao seu abandono e, em 1931, a sua reintegração ao Município de Ponta Grossa, tornando-se local de veraneio dos ponta-grossenses as margens do Rio Tibagi, onde existem muitas chácaras de lazer.
Porém em setembro de 1877 chegaram ao Brasil os primeiros imigrantes russos, que se destinava a Província do Paraná, e efetivamente enviados para Ponta Grossa, Conchas, Entre Rios, etc. Os respectivos Municípios tiveram que se preparar para recebê-los, adquirindo terras por compra, fazendo a medição e distribuição dos lotes de cada colônia.
A antiga Freguesia de Santana de Conchas teve as suas terras demarcadas para a colonização, formando as seguintes colônias: Trindade com 22 lotes com uma área de 1966 hectares sendo ocupados por brasileiros e imigrantes russos alemães. Colônia de Tibagi com 50 lotes e 3.767 hectares povoados por russos. Colônia Taquari com 76 lotes com uma área de 8.773 hectares, ocupados por russos e brasileiros. Colônia Moema, com 1.216,7 hectares de área, possuindo 35 lotes, distribuídos entre 115 pessoas alemães do Volga.
No final do Século XIX, a vida nas colônias estava sendo deixada de lado, por causa da implantação da Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande, o que atraiu para a cidade muitos colonos, que vinham em busca de trabalho anunciado pelos grandes empreiteiros.
Os caminhos vindos dos campos situados ao noroeste de Ponta Grossa alcançavam a Ronda pelo roteiro Conchas velhas, Rio Taquari ou pelo caminho que passava pela atual Colônia Moema, Chapada e Bom Sucesso. Mais tarde, tropas oriundas de Guarapuava, norte e noroeste do Estado, davam preferência ao roteiro de Uvaia, Periquitos, e Ponta Grossa.
Atualmente a área do Distrito de Uvaia, com sede no Jardim Santana do Sabará, tem o seguinte perímetro: inicia na confluência entre o Arroio da Ronda com o Rio Tibagi, seguindo pelo Arroio da Ronda até encontrar a BR, 376, seguindo por este no sentido Nordeste, até encontrar o Rio Tibagi, seguindo por ele até encontrar o Marco Zero (confluência do Rio Tibagi com o Arroio a Ronda).
O Distrito de Periquitos, com sede no Bairro da Nova Rússia, tem o seguinte perímetro: inicia no encontro da BR 376 com o Arroio da Ronda, subindo por este até a cabeceira, donde em linha reta por uma linha seca alcança a cabeceira do Arroio Lajeado Grande, subindo por este até encontrar a linha férrea, seguindo por ela até a PR 11, seguindo por ela até encontrar o Rio Pitangui, no sentido Nordeste, seguindo por ele no sentido Norte até o encontro do Rio Pitangui com o Rio Areião, vindo pelo Rio Pitangui até o encontro com o Rio Tibagi, seguindo por ele no sentido sudoeste até encontrar a BR 376, seguindo por ela no sentido Sudoeste até encontrar o Arroio da Ronda.
Nesta região antigamente havia muita mata e animais selvagem, onde a caçada era o esporte preferido dos moradores. Havia uma parte destinada para as lavouras, onde eram feitas as roças e outra parte para as invernadas do gado.
Atualmente, possui algumas fazendas com criatórios e terra de planta onde é cultivada em grande escala a soja, o milho, o trigo, entre outros.

FONTES: Documentos Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, Lei N.º.306, de 18/11/99.
LEÃO, Ermelino. Dicionário do Paraná 1926, p.50.
LOPES, José Carlos Veiga, Origens do Povoamento de Ponta Grossa, 1999.

Isolde Maria Waldmann

Valas Caboclas

Na história do Brasil não é muito comum encontrar referências sobre as valas caboclas utilizadas, pelos grandes sesmeiros, para demarcar terras ou domínios nas épocas colonial e imperial, segundo AURÉLIO. Essas atividades desenvolvidas pelos escravos durante o século XVII chegaram ao nosso conhecimento em pleno século XXI graças aos vestígios deixados na natureza, principalmente nos Campos Gerais.
A ocupação dos Campos Gerais ocorreu por volta de 1704, quando os portugueses requereram as primeiras sesmarias, que eram grandes extensões de terra. Essas terras foram sendo demarcadas pelos proprietários, que utilizavam as valas para separar suas terras e segurar o gado dentro de seus limites. Na época não existiam cercas, então abriam as valas, uma espécies de fosso profundo e mais ou menos longo, com um metro e meio de largura e dois metros de profundidade e era muitas léguas de extensão. Esse trabalho de demarcação era feito com mão-de-obra dos africanos, alguns escravos e negros livres entre outros.
No município de Ponta Grossa essas valas são ainda presentes nos campos, junto às numerosas cercas de arame utilizado pelos proprietários e ainda podem-se observar algumas delas na propriedade dos russos brancos na colônia de Santa Cruz onde elas dividem as propriedades.
Em 2001, durante pesquisa de campo com a equipe do COMPAC, encontramos uma vala na antiga estrada de Conchas Velhas, na localidade do Taquari dos Polacos neste município.
Não é possível determinar a época da construção original. A parte visível tem aproximadamente 200 metros de comprimento, o restante já sofreu ação do tempo e do escoamento de água de chuva, gerando depósito de sedimentos em algumas partes, e erosão em outras. Nos locais onde as valas sofreram maior erosão, elas chegam a medir aproximadamente 2,50 metros de largura por 2 metros de profundidade, meio escondidas pela vegetação que cresceu dentro delas.
A antiga estrada de “Conchas Velhas” foi utilizada pelos tropeiros que vinham de Guarapuava e Palmas, entrando em Uvaia, saindo nos campos do Maracanã na Ronda, perto da cidade de Ponta Grossa. Essa estrada é transitável até hoje pelos agricultores e trabalhadores das fazendas na região.
Segundo inventários dos Campos Gerais, em 1751 era proprietário das terras das Sesmarias do taquari o tenente coronel Manuel Rodrigues da Mota, casado com helena Rodrigues Coutinho, filha de Manuel Gonçalves Siqueira. Estes também eram proprietários das Sesmarias do Tucundava e Tibagi.
No final do século XIX, os imigrantes poloneses ocuparam as terras na proximidade do Taquari, onde construíram as moradias, moinhos, dando origem ao nome Taquari dos Polacos. Os moinhos, conhecidos por Atafona, eram artesanais movidos por cavalgadura e neles os colonos produziam farinha de mandioca para o consumo, comercializando o restante. No Distrito de Guaragi havia em torno de 22 moinhos de produção de farinha. Com o passar dos anos os filhos dos imigrantes poloneses, não querendo continuar na lavoura, foram-nas deixando para estudar e trabalhar.
Os colonos que ficaram venderam ou entregaram a propriedade como pagamento de dividas aos donos dos armazéns e supermercados. Estes comerciantes também foram adquirindo outras propriedades, transformando a região a região, novamente, num grande latifúndio.
Nas décadas de 1960 – 70, com o evento das indústrias na cidade e com as tecnologias utilizadas na agricultura, os campos nativos foram sendo transformados em terras de planta, diminuindo as reservas naturais como, também, os arroios. As casas antigas dos poloneses foram sendo demolidas e os moinhos também, não restando nenhuma referência para resgatar a história dos colonos da região.
É importante documentar e estudar as Valas Caboclas porque se trata de um testemunho natural do trabalho dos africanos nas sesmarias, no período da escravidão no Brasil. Com esse estudo podemos demonstrar que os fazendeiros dos Campos Gerais eram proprietários de um bom número de escravos.
Na margem do rio Taquari, os colonos poloneses construíram suas residências de madeira com paiol, cercas de ripas e moinhos, desenvolvendo e transformando a matéria prima em produtos, utilizando a água para tomar e lavar a mandioca. O rio continua correndo no mesmo leito, mas com menor volume de água, pois vem sofrendo constante degradação do meio ambiente, desmatamento, erosão, assoreamento, agrotóxicos etc.
Com a implantação da agricultura mecanizada e a contratação de funcionários pelos fazendeiros, estes foram morar na localidade, surgindo casas de moradia em alvenaria. As sedes das antigas Sesmarias não existem mais, pois nada foi preservado, nem mesmo as casas e o moinho construído pelos imigrantes poloneses para que um dia pudéssemos ensinar aos mais jovens as técnicas da produção de farinha em moinho artesanal.
Todas estas pequenas coisas, um dia, poderão fazer muita falta para a humanidade que só pensa em tecnologias cada vez mais avançadas, utilizando energias computadorizadas, nucleares, via satélite, entre tantas outras. O meio ambiente continua sendo destruído, e as coisas mais simples da natureza que serviram os nossos avós e sustentavam muita gente.
Fonte: Dicionário Aurélio,valas caboclas e atafona.Documentos COMPAC.

Isolde Maria Waldmann

terça-feira, 5 de março de 2013

Biografia de David Hilgenberg Junior

David Hilgenberg Junior, nasceu em 26 de março de 1888, na localidade de Guaraúna, Município de Entre Rios (Guaragi). Faleceu em 10 de outubro de 1990 em Ponta Grossa.
Filho de: João David Hilgenberg e de Lídia Clara Sauer.
Avós paternos: Miguel Hilgenberg e Eligia Hilgenberg, ambos imigrantes russos alemães oriundos da região do Volga, chegaram a Ponta Grossa, por volta de 1876.
Avós maternos: Frederico Sauer e Ema Sauer, imigrantes russos alemães oriundos do Volga, ambos falecidos e sepultados em Jaboticabal perto de Teixeira Soares.
Irmã: Ema Hilgenberg Berger (viva).
Consorciou-se: David Hilgenberg Junior, com Laura Sauer dessa união nasceram os seguintes filhos: João Manoel, (falecido) Leonilda, Nilva e Zaclís.
Leonilda Hilgenberg, casada com Dr. Germano Justus (advogado, pecuarista e agricultor), dessa união nasceram os seguintes filhos: Ipuran, Ipujuçan; tendo os seguintes netos: Raul, Letícia, Ipuran Junior, Thiago; Ipujuçan Junior, Guilherme, Cristiano e Fernanda.
Nilva Hilgenberg, casada com Coronel Romeu Prestes Mattar (cirurgião dentista) dessa união nasceram os seguintes filhos: Umuara, Irajá, Moema e Indianara. Tendo os seguintes netos: Rodrigo, Rosana, Renata; Juliano, Gustavo e Flavia; Alessandra e Fábio; Március e Maetê.
Zaclis Hilgenberg, casada com Lucio Cristóvão F. Miranda (empresário e pecuarista) tiveram os seguintes filhos: Tércio e Ana Czinia.
Atividades: David Hilgenberg Junior, começou a trabalhar muito cedo, teve que deixar os estudos para ir ajudar seu pai nos trabalhos de casa. Foi aluno do Professor Dr. Colares, muito estudioso, inteligente e aplicado. O Professor não quis que o menino David deixasse as aulas, mas teve que fazer em benefício de seus familiares, era bom para fazer cálculos, somava subtraia, dividia e multiplicava mentalmente.
Seu pai João David Hilgenberg, foi comprador de gado e suínos, pelos sertões paranaenses, ao seu lado o menino David, andando a cavalo em lombo de burro, viajando longas horas diárias e por muitos dias, tomavam sol e chuva, passando perigos, pernoitando em lugares de pouco abrigo em paiol e ranchos na beira das estradas onde havia mangueiras para soltar os animais.
Fizeram várias viagens para São Paulo para vender gado e comprar mercadorias suprindo as necessidades comerciais de Ponta Grossa.
Casou-se, e continuou trabalhando com seu pai, além de comprador de animais, também fundou uma “Fábrica de Banha Esperança” em 1926, abatiam até 100 cabeças de porcos por dia, para o desenvolvimento da indústria contrataram muitos empregados que trabalhavam no corte de carne e na fabricação de banha. A Fábrica era conhecida pela qualidade de seus produtos, vendiam banha pelo interior do Paraná. Era sócio de seu pai, depois se associou ao seu irmão.
Em 1940, venderam a Fábrica de Banha Esperança, para dois irmãos de Chapecó S.Catarina. David Hilgenberg Junior elogiou sua equipe de trabalho, dizendo que lutou muito ao lado dos seus empregados e que ao longo de sua vida cumpriu com seu papel de patrão e de Empresário.
Além de comerciante também explorava o setor madeireiro, tinha duas serrarias uma em Ipiranga e outra no Distrito de Conchas.
Em 1941, adquiriu a “Fazenda Santa Cruz”e, também comprou as propriedades dos herdeiros do Comendador Rozeira, a de João Molinari, João Montes Sobrinho, Osvaldo de Paula Pereira, Jacintho Berlindes de Macedo Ribas, Braz Rio Branco, Diocleciano de Morais Roseira, Mario Dias Roseira, Sinésio Roseira Biscaia, D. Carmelina Branco Roseira, Delvindo Marcelino Daros, Maria Rozeira Biscaia, Cristóvão Eberaldo Agner, Alberto Klass, e João Kreginski. A área adquirida foi em torno de 1.100 alqueires composta de campos, matas, restingas e terras de planta.
Na Fazenda Santa Cruz, exerceu atividades de agropecuária, esta era administrada por um capataz que tomava conta de todos os camaradas.
Entre essas propriedades adquiridas estava à Casa Branca do Comendador Rozeira, onde em 1880, S.S. Majestade Imperador D. Pedro II, fez uma visita de cortesia ao ilustre amigo que há muito tempo não os via, e juntos tomaram chá e conversaram sobre os problemas que os russos alemães vinham enfrentando, sendo que um dos objetivos de sua viagem era ver de perto a situação dos imigrantes, que a seu convite vieram povoar a região dos Campos Gerais.
Em 1958, David Hilgenberg Junior, vendeu a Fazenda Santa Cruz, para a (ONU) Organização das Nações Unidas, onde foram instaladas as colônias dos russos brancos, que aguardavam a sua transferência de São Silvestre, município de Castro.
David Hilgenberg Junior além de Industrial, Fazendeiro e Comerciante foi também Acionista do Banco Comercial do Paraná, e membro da diretoria, quando extinto passou para o Banco Bamerindus, onde foi acionista.
Durante sua vida toda David foi um homem honesto e trabalhador merecendo tudo o que possuiu, porque fez jus a tudo o que lhes era caro principalmente a sua família.
Foi um anjo de bondade para sua esposa e filhos, adorava fazer surpresas, com presentes. Durante as festas natalinas alugava um trailer e enchia de brinquedos e depois distribuía aos amigos, enfeitava os cavalos com guizo para despertar a curiosidade das crianças, passeando pela Avenida Vicente Machado. O Natal para ele era uma festa de alegria.
Frequentava com sua família o Cine Renascença usando sempre a mesma poltrona de nº 28, onde se sentava com sua esposa e suas filhas. As meninas com seus vestidos de renda, luvinhas, sapatos com meias de renda, chapeuzinho bem engomado, tudo na moda da época.
David era um homem romântico, gostava de flores e ornamento de casa, comprava o melhor para sua esposa, pois a adorava presenteando-a com as melhores jóias. Viveram uma época de glorias, não esquecendo o passado cheio de aventuras, sobressaltos, imprevistos dessa vida de austeridade fazendo de seus familiares pessoas de bem, de grandes personalidades intelectuais principalmente na literatura, onde se destacou sua filha Leonilda Hilgenberg Justus, conhecida mundialmente com suas poesias.

Fonte: Este texto foi composto graças às informações prestadas pelo Sr. David Hilgenberg Junior, em entrevista concedida a Isolde Maria Waldmann, no ano de 1990 em sua residência na Avenida. Vicente Machado, Ponta Grossa Paraná.

Jardim Felicidade

Num domingo, dia 23 de outubro de 2005, andando pela Avenida Vicente Machado, parei por alguns instantes na esquina com a Rua Sete de Setembro, e observei o antigo jardim que fazia parte da mansão “Casa dos Anjos” enquanto nela viveu o Sr. David Hilgenberg Junior, de saudosa memória. Com o seu falecimento em 1990, a propriedade foi inventariada, passando para as filhas Leonilda e seu esposo Germano Justus, Nilva H. Prestes Matar, e o jardim, após ser desmembrado, ficaram pertencendo à filha Zaclis H.Miranda e aos seus descendentes.
Aquela fina mansão, construída na década de vinte pelo industrial Ewaldo Kossatz, proprietário da primeira fábrica de pregos e parafusos em Ponta Grossa, seria adquirida pelo Sr. Frederico Justus Sobrinho e, mais tarde, pelo Sr. David Hilgenberg Junior, descendente de imigrantes alemães oriundos da região do Volga, na Rússia.
Conhecida como a “Casa dos Anjos”, título devido aos anjos artisticamente pintados no teto da residência pelo pintor Sr. Otto Voggette, ela retrata uma época de grande progresso, prosperidade e expansão das indústrias, das fábricas, os atacados o varejo então em franco desenvolvimento na cidade.
Essa residência é a única situada na Avenida Vicente Machado que, durante décadas, foi preservada, mantida sempre como nova e não só a construção em si, mas os jardins que a circundam.
É uma das mais belas residências da cidade com arquitetura românica, que materializava as aspirações de uma classe de bom gosto, tem caráter dominante na paisagem, possuía um lindo jardim florido com espécie exótica em meio a árvores de cipreste, habitualmente cultivado na região do Mediterrâneo, e trazido para o Brasil pelos imigrantes alemães e italianos, no final do século XIX.
“Jardim Felicidade”, designação recebida pelo que já representou para os seus proprietários, segundo relatos da poetisa Leonilda Hilgenberg Justus, filha de dona Laura; ela diz que sua mãe era apaixonada pelo jardim. Gostava de plantar, cuidar, regar as flores e folhagens apesar de ter um jardineiro mensalista, o Sr. Jacob Schell, especialista em aparar e podar artisticamente os pés de buchinho, dando-lhes o formato de passarinho, que enfeitavam o jardim, recriando um clima europeu. Ele foi também um cartão postal da cidade, pela beleza contemplada pelos visitantes.
No jardim havia um repuxo decorado com pedras e, no meio delas, encontravam-se plantadas as mais variadas folhagens e flores. Na s tardes quentes, a água do repuxo era ligada e molhava as plantas, chamando a atenção de quem por ali passava.
Ao lado esquerdo de quem olha da avenida, pode ainda ser observada uma enorme árvore de magnólia; ela tinha bancos de ferro ao redor muito usados pelas crianças do casal, que adoravam brincar ao ar livre com as amiguinhas, ouvindo o canto dos pássaros enquanto conversavam. Seu David mandara construir um viveiro muito grande e alto, com árvores naturais ao centro, onde os pássaros viviam e por ali faziam seus ninhos para procriar.
O jardim da casa era bem cuidado, o que indica que os donos dedicavam um bom tempo às suas flores, lançando mão de vários recursos, desde o emprego de elementos construídos com requinte, recriando um espaço que procurava imitar a natureza em seus bosques, pedras, pássaros etc.
O jardineiro desempenhava sua função relacionando o homem com a natureza e a vegetação domesticada. Colocava toda sua criatividade e talento na construção do jardim sabendo que o mesmo tem função social, onde as pessoas sentam para pensar, orar, meditar e conversar. As plantas, por sua vez, emprestam ao jardim toda a motivação decorrente de seu colorido, textura e emanação de perfume e, também, o grupo de folhagens, arbusto de floração chamativa pela marcante coloração.
Leonilda H.Justus, lembrou que seu noivo Germano presenteou-a com um viveiro de periquitinhos coloridos que ela estimava muito e, desde então, o jardim passou a possuir dois viveiros. Ali também havia um caramanchão tipo quiosque e, entre o perfume das flores, ouvindo o canto dos pássaros, principalmente do sabiá, as moças namorando o predileto de seu coração.
O muro em redor era mantido no mesmo estilo da época em que a casa foi construída, e as partes completadas com gradis ainda permanecem apesar de o jardim ser sido desmembrado da casa e separado por uma cerca de alambrado.
Sempre que passo por aquela rua, olho a mansão com seu jardim colorido, o último remanescente de uma Ponta Grossa que eu não conheci, mas ali está uma testemunha da arquitetura com marcas de um passado que ficou no tempo e não volta mais.
O Jardim Felicidade já deixou de existir, nele foi construído um prédio comercial, ao lado da mansão separada apenas por uma parede sem vida, que é um (imóvel tombado pelo COMPAC, em 2002).
Na ocasião a arquiteta esqueceu de colocar no tombamento o (Jardim Felicidade), cujo nome originou-se pela magia que aquele espaço físico representava para os namorados que iam até lá para ficarem apaixonados para sempre.
Imaginem se este espaço mágico estivesse situado em Roma, eles criariam mais uma “Fonte de L’Amore”, para que o turista tivesse mais um lugar para visitar.

Isolde Maria Waldmann

"Casa dos Anjos"

A mansão “Casa dos Anjos” foi construída por volta de 1920, na Avenida Vicente Machado, nº 253, pelo industrial Ewaldo Kossatz, posteriormente adquirida pelo Sr. Frederico Justus Sobrinho e mais tarde vendida ao Sr.David Hilgenberg Júnior, descendente de imigrantes russo-alemães, oriundo do Volga, uma região ao sul da Rússia.
Várias famílias desses imigrantes vindos a Ponta Grossa, ligaram-se às atividades lucrativas, como criação de animais, casas comerciais, indústrias de laticínios, madeireiras, transportes e outros. David Hilgenberg Justus pertencia a Igreja Luterana, que tinha como lema: “o amor a Deus e ao trabalho”. Realmente trabalharam muito, conforme relatos do Sr. David (vide biografia).
Segundo monografia “Casa dos Anjos”, pesquisa desenvolvida em 1998 por Zenaide da Silva Ferreira, que faz a seguinte colocação sobre o imóvel:
A “Casa dos Anjos”, construída em 03 pavimentos contendo um total de 39 peças. O pavimento térreo constituía-se de salão de festas, possuindo escritório e cozinha para o preparo de alimentos nos dias de festas, chás, recepções etc. Esses acontecimentos sociais eram freqüentes pela grande amizade que possuíam com as famílias tradicionais, como: os Justus, Inthon, Osternack, Kossatz e Lange.
No segundo piso, que era o mais utilizado, situavam-se as dependências usadas no dia-a-dia. Ali ficavam os quartos, cozinha, salas, banheiro e as sacadas.
“No sótão estavam o quarto de brinquedos das meninas e os quartos ocupados pelas funcionárias que residiam na casa.”
Quanto ao nome da residência, foi inspirado graças à pintura interna do teto das sacadas, que são os “Anjos”, pintados artisticamente pelo Sr. Otto Voggetta. Essa pintura encontra-se alterada, era de cor dourada e prateada e os detalhes da parede da sala desenhados com as pontas dos dedos no reboco.
A arquitetura da casa permanece inalterada até os dias atuais, percebendo a parte interna, como porta, janelas, lustres em vidro, com incrustações em jato de areia, formando desenhos de tonalidade fosca, além da pintura dos anjos, sem falar das escadarias, onde as moças Leonilda, Nilva e Zaclis desciam vestidas de noiva quando iam se casar, até dá para imaginar o luxo da família Hilgenberg nesta época. Por ocasião dos casamentos, eram contratados mais empregados, sendo que um deles exercia a função de porteiro, atendendo a chegada dos presentes que eram enviados.
Em entrevista dona Leonilda contou à vida que tiveram quando criança, desde as mais simples brincadeiras com bonecas no quarto do sótão, como as de esconde-esconde no jardim da mansão, com as colegas de escola e as primas que vinham visitá-los. A família sempre contratava empregadas domésticas. Quando entrevistei o Sr. David Hilgenberg, ele falou da morte da esposa, e acrescentou: “quando minha esposa Laura faleceu há 17 anos atrás, nós já tínhamos esta empregada que trabalha aqui já há uns vinte anos, sendo ela quem cuida de mim e da casa”.
Ele também falou da vida em família, que foi muito feliz ao lado da esposa e das filhas, sem nunca imaginar que uma delas Leonilda chegaria tão longe como poetisa, escritora mundialmente conhecida com seus livros, participando de concursos, recebendo troféus, medalhas e títulos.
Quanto aos cuidados do jardim da mansão, era contratado o jardineiro Sr. Jacob Schell, especialista em aparar artisticamente os pés de buchinho, dando formato de bichos, enfeitando o jardim. Os anos fez com que seu filho Alexandre Schell o substituísse, os buchinhos encontram-se lá, apesar de não serem podados artisticamente.
À direita da casa, na frente para a Avenida Vicente Machado, havia um repuxo, onde era decorado com pedras e no meio delas encontravam-se plantadas as mais variadas flores. Nas tardes quentes, a água do repuxo era ligada e chamava a atenção de quem passava por ali. Era o cantinho favorito de dona Leonilda para namorar seu noivo Germano.
Ao lado esquerdo, onde até hoje encontramos uma enorme árvore de magnólia, havia bancos de ferro ao redor, que eram muito usados pelas filhas do casal com as amigas e até com os namorados, ficando assim ao ar livre ouvindo o canto dos pássaros enquanto conversavam. Foi mandado construir por seu David, um viveiro muito grande e alto com árvores naturais no centro onde os pássaros viviam em seu ambiente natural e por ali muitos nasceram e viveram, sendo bem mansos e não assustavam-se com as pessoas à sua volta. Havia ali tico-ticos, pardais, periquitos, sabiás, chegando a ter patativas e até gralhas, cuja beleza era tamanha que mereceu uma crônica escrita por “Vieira Filho” sobre o recital de vozes constante no local.
O muro em redor mantém-se no mesmo estilo da época em que a casa foi construída, mas as partes onde eram completas com gradis, estes permaneciam encobertas pelas trepadeiras-buganvílias lilás, que floriam na primavera, espalhando o seu perfume por toda a casa. Seu jardim era uma verdadeira pintura de arte. Dona Laura, esposa de seu David, era apaixonada pelo jardim, segundo depoimento de Zaclis, filha mais nova do casal.
Quando o Sr. David faleceu, em 1990, foi procedido o inventário da mansão, a propriedade foi desmembrada em dois lotes (mansão e jardim), sendo que a mansão foi dividida entre as irmãs Leonilda e Nilva, e o jardim ficou pertencendo à Zaclis. Posteriormente, a mansão foi vendida ao Sr. Marcos Slud. O jardim continuava de propriedade de Zaclis Miranda e aos seus filhos. Atualmente não existe mais o jardim em seu local foi construído uma loja.

Referências:
LAVALLE, Aida Mansani. Germania-Guaíra: Um século de sociedade na memória de Ponta Grossa, 1996. ( Páginas 37 e 38).
LANGE, Francisco Lothar Paulo. – Os Campos Gerais e sua Princesa / Francisco Lothar Paulo Lange – Curitiba: COPEL, 1998. (Página 258)
SANTOS, Eliane – USP - Ponta Grossa Moderna. Folha de São Paulo, editado pelo Jornal da Manhã em 19 de outubro de 1954.
Monografia: “Casa dos Anjos” de Zenaide da Silva Ferreira – l998
Entrevistas: Sr. David Hilgenberg Junior – 1990.
                  Sra. Leonilda Hilgenberg Justus – 1992.

Isolde Maria Waldmann

domingo, 3 de março de 2013

Biografia de Carlos Leopoldo Philipowski

Carlos Leopoldo Philipowski nasceu em 25 de dezembro de 1846, em Viena, capital da Áustria. Faleceu em 16 de julho de 1915, em Ponta Grossa, Paraná. Frequentou os cursos de Medicina e Farmacologia, interrompendo os estudos por ocasião da eclosão da guerra entre a Prússia e a Áustria, em 21 de junho de 1866, quando romperam com o tratado de paz assinado em Iastein, em 14 de agosto de 1860. Alistou-se como voluntário no Exército, com 20 anos de idade. Participou da campanha ao norte da Áustria, na Província de Bohêmia durante a Campanha de 1866, alcançando o cargo de 1º Sargento do Estado Maior.
Ferido na Batalha de Königrätz, fora condecorado pelo então marechal-arquiduque Alberto, irmão de Francisco José I, com a medalha de mérito e bravura. Empenhado no batalhão em que fazia parte, reivindicou uma ponte da qual se tinham apoderado os prussianos. Nesta ocasião, foi-lhe entregue o comando do Exército pelo tenente ferido e posto fora do combate; logo nas primeiras batalhas retomou com brilhantismo, sendo grandes as manifestações de apreço por parte dos seus superiores. Após, foi condecorado pelo Imperador com honrosa medalha “Signum Memoriae”.
Terminada a guerra, retornou a Viena. Não concluíra seus estudos de Medicina, pois durante sua internação no hospital de sangue em que estivera em tratamento, entendera que não era essa a profissão a que aspirava.
Dedicou-se ao estudo de Engenharia, e passou a exercer o cargo de engenheiro da Estrada de Ferro Rainha Elizabeth, sendo mais tarde nomeado chefe do Escritório Central em Budapeste, capital da Hungria, e da Estrada Real do Império da Áustria, até 1872.
Nesta época, deixara sua terra natal, vindo para o Brasil. Após haver percorrido São Paulo e Rio de Janeiro em viagem de passeio, aceitou o cargo de ajudante do engenheiro-chefe da construção da estrada de ferro de Macaé a Campos. Durante a permanência nesse cargo, conheceu o Barão de Capanema, diretor geral dos Telégrafos, sendo convidado pelo mesmo a ocupar o cargo de engenheiro construtor da linha telegráfica de Antonina a Iguape; fora nomeado em 1º de março de 1875, como inspetor de 3ª classe e promovido a 2ª classe em julho do mesmo ano.
Em 22 de fevereiro de 1877, foi submetido a exame de Engenharia, sendo aprovado de acordo com o Decreto Imperial N.º 3198 de 16 de dezembro de 1863. De inspetor dos Telégrafos, foi sucessivamente nomeado para o cargo de engenheiro construtor da estrada de rodagem do Paraná ao Mato Grosso, em substituição ao engenheiro Wielland, e nomeado pelo Decreto Imperial de 09 de maio de 1881. Durante a construção das estradas de rodagem de São Luiz a Ponta Grossa, foi, em 1º de setembro de 1893, nomeado diretor do serviço de construção da estrada de Imbituva a Guarapuava, cargo que causara sérios danos à sua saúde, sendo então, nomeado ao cargo de inspetor encarregado da secção de Ponta Grossa e Palmas.
Em 1880, contraiu matrimônio em Ponta Grossa, com D. Maria Nascimento Branco, aqui fixando residência.
Não era filiado a nenhum partido político local. Apesar de sua dedicação ao cumprimento do dever, à fiel execução dos cargos que acumulara, por ocasião da Revolução Federalista em 1894, foi caluniado, perseguido e demitido injustamente com a nota ignominiosa de “traidor da República”, enviada aos poderes daquela época por seus inimigos gratuitos, invejosos da sua colocação honrosa, pura e intransigente.
Após várias e infrutíferas tentativas para reabilitar-se perante seus amigos, partira para a Europa em companhia do Sr. José Pedro S. Carvalho, em 06 de junho de 1895, para tratamento de saúde.
Durante a sua ausência, as autoridades estaduais reconheceram os seus serviços prestados ao Estado e nomearam-no juiz comissário de Terras da Comarca de Guarapuava, cargo que exercera durante alguns anos. Em 1906, entrara para o serviço da Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande; em setembro de 1907, foi nomeado subchefe do Escritório de Estudos, cargo que só abandonara em virtude de suas condições de saúde, dedicando-se daí em diante, à sua família e atividades primárias de agricultor e criador.
Quando demitido, já não recebia mais seus vencimentos devido à revolução. Encarregado da reconstrução da linha telegráfica de Ponta Grossa a Guarapuava, fez a condução do material para esse fim, desde Imbituva, sem que nada disso fosse remunerado. Perdera também o montepio para a qual já havia contribuído com 12 contos de réis, faltando apenas dois anos para aposentar-se.
No entanto, não se pode esquecer da consideração e da grande estima que sempre lhe dispensasse o Barão de Capanema, por ter sido um homem rigoroso no cumprimento de seu dever.
Carlos Leopoldo Philipowski, no Telégrafo, foi empregado durante 20 anos, e depois de benefícios prestados à Pátria que adotara, e ter percorrido inóspitos sertões, gastando todo o vigor de sua mocidade, no desempenho de seus cargos, comprometendo a saúde, teve a mágoa, o dissabor de ver aproximar-se a morte, sem que o Governo Federal lhes tivesse restituído os seus direitos de cidadão.
Em 1880, hospedara em sua residência, o Imperador D. Pedro II, quando este visitara a Colônia Tavares Bastos, em Ponta Grossa. Em agradecimento à família Philipowski, a Princesa Isabel enviou-lhes uma foto sua, em companhia de Conde D’Eu e seus filhos. Também recebia cartões com mensagens de várias regiões do globo, portanto era um homem conhecido pelo trabalho que exercia.
Segundo informações de seus familiares residentes em Ponta Grossa, Carlos Leopoldo Philipowski tinha uma grande biblioteca em sua residência, pois gostava de ler e escrever; legou à sua filha Anita Philipowski o gosto pela leitura e pela expressão poética, destacando-se em todo o Paraná por seus célebres poemas.
Durante anos de leitura e livros de história de Ponta Grossa, só foi possível resgatar uma pequena parte da história da vida deste ilustre cidadão, graças ao redator do Jornal “Diário dos Campos”, que, em 1915, prestou-lhes uma homenagem por ocasião de seu falecimento, levando ao conhecimento do público as injustiças sofridas. As autoridades não consideraram os inúmeros serviços prestados durante uma vida toda, que tanto beneficiou a população do Paraná, diminuindo distâncias e facilitando a comunicação tão necessária naqueles tempos.
Fontes:
Jornal Diário dos Campos – 1915. Acervo Casa da Memória.
Entrevista com Sr. Frederico Schenekemberg, concedida a Isolde Maria Waldmann em 1993.