domingo, 3 de março de 2013

Biografia de Carlos Leopoldo Philipowski

Carlos Leopoldo Philipowski nasceu em 25 de dezembro de 1846, em Viena, capital da Áustria. Faleceu em 16 de julho de 1915, em Ponta Grossa, Paraná. Frequentou os cursos de Medicina e Farmacologia, interrompendo os estudos por ocasião da eclosão da guerra entre a Prússia e a Áustria, em 21 de junho de 1866, quando romperam com o tratado de paz assinado em Iastein, em 14 de agosto de 1860. Alistou-se como voluntário no Exército, com 20 anos de idade. Participou da campanha ao norte da Áustria, na Província de Bohêmia durante a Campanha de 1866, alcançando o cargo de 1º Sargento do Estado Maior.
Ferido na Batalha de Königrätz, fora condecorado pelo então marechal-arquiduque Alberto, irmão de Francisco José I, com a medalha de mérito e bravura. Empenhado no batalhão em que fazia parte, reivindicou uma ponte da qual se tinham apoderado os prussianos. Nesta ocasião, foi-lhe entregue o comando do Exército pelo tenente ferido e posto fora do combate; logo nas primeiras batalhas retomou com brilhantismo, sendo grandes as manifestações de apreço por parte dos seus superiores. Após, foi condecorado pelo Imperador com honrosa medalha “Signum Memoriae”.
Terminada a guerra, retornou a Viena. Não concluíra seus estudos de Medicina, pois durante sua internação no hospital de sangue em que estivera em tratamento, entendera que não era essa a profissão a que aspirava.
Dedicou-se ao estudo de Engenharia, e passou a exercer o cargo de engenheiro da Estrada de Ferro Rainha Elizabeth, sendo mais tarde nomeado chefe do Escritório Central em Budapeste, capital da Hungria, e da Estrada Real do Império da Áustria, até 1872.
Nesta época, deixara sua terra natal, vindo para o Brasil. Após haver percorrido São Paulo e Rio de Janeiro em viagem de passeio, aceitou o cargo de ajudante do engenheiro-chefe da construção da estrada de ferro de Macaé a Campos. Durante a permanência nesse cargo, conheceu o Barão de Capanema, diretor geral dos Telégrafos, sendo convidado pelo mesmo a ocupar o cargo de engenheiro construtor da linha telegráfica de Antonina a Iguape; fora nomeado em 1º de março de 1875, como inspetor de 3ª classe e promovido a 2ª classe em julho do mesmo ano.
Em 22 de fevereiro de 1877, foi submetido a exame de Engenharia, sendo aprovado de acordo com o Decreto Imperial N.º 3198 de 16 de dezembro de 1863. De inspetor dos Telégrafos, foi sucessivamente nomeado para o cargo de engenheiro construtor da estrada de rodagem do Paraná ao Mato Grosso, em substituição ao engenheiro Wielland, e nomeado pelo Decreto Imperial de 09 de maio de 1881. Durante a construção das estradas de rodagem de São Luiz a Ponta Grossa, foi, em 1º de setembro de 1893, nomeado diretor do serviço de construção da estrada de Imbituva a Guarapuava, cargo que causara sérios danos à sua saúde, sendo então, nomeado ao cargo de inspetor encarregado da secção de Ponta Grossa e Palmas.
Em 1880, contraiu matrimônio em Ponta Grossa, com D. Maria Nascimento Branco, aqui fixando residência.
Não era filiado a nenhum partido político local. Apesar de sua dedicação ao cumprimento do dever, à fiel execução dos cargos que acumulara, por ocasião da Revolução Federalista em 1894, foi caluniado, perseguido e demitido injustamente com a nota ignominiosa de “traidor da República”, enviada aos poderes daquela época por seus inimigos gratuitos, invejosos da sua colocação honrosa, pura e intransigente.
Após várias e infrutíferas tentativas para reabilitar-se perante seus amigos, partira para a Europa em companhia do Sr. José Pedro S. Carvalho, em 06 de junho de 1895, para tratamento de saúde.
Durante a sua ausência, as autoridades estaduais reconheceram os seus serviços prestados ao Estado e nomearam-no juiz comissário de Terras da Comarca de Guarapuava, cargo que exercera durante alguns anos. Em 1906, entrara para o serviço da Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande; em setembro de 1907, foi nomeado subchefe do Escritório de Estudos, cargo que só abandonara em virtude de suas condições de saúde, dedicando-se daí em diante, à sua família e atividades primárias de agricultor e criador.
Quando demitido, já não recebia mais seus vencimentos devido à revolução. Encarregado da reconstrução da linha telegráfica de Ponta Grossa a Guarapuava, fez a condução do material para esse fim, desde Imbituva, sem que nada disso fosse remunerado. Perdera também o montepio para a qual já havia contribuído com 12 contos de réis, faltando apenas dois anos para aposentar-se.
No entanto, não se pode esquecer da consideração e da grande estima que sempre lhe dispensasse o Barão de Capanema, por ter sido um homem rigoroso no cumprimento de seu dever.
Carlos Leopoldo Philipowski, no Telégrafo, foi empregado durante 20 anos, e depois de benefícios prestados à Pátria que adotara, e ter percorrido inóspitos sertões, gastando todo o vigor de sua mocidade, no desempenho de seus cargos, comprometendo a saúde, teve a mágoa, o dissabor de ver aproximar-se a morte, sem que o Governo Federal lhes tivesse restituído os seus direitos de cidadão.
Em 1880, hospedara em sua residência, o Imperador D. Pedro II, quando este visitara a Colônia Tavares Bastos, em Ponta Grossa. Em agradecimento à família Philipowski, a Princesa Isabel enviou-lhes uma foto sua, em companhia de Conde D’Eu e seus filhos. Também recebia cartões com mensagens de várias regiões do globo, portanto era um homem conhecido pelo trabalho que exercia.
Segundo informações de seus familiares residentes em Ponta Grossa, Carlos Leopoldo Philipowski tinha uma grande biblioteca em sua residência, pois gostava de ler e escrever; legou à sua filha Anita Philipowski o gosto pela leitura e pela expressão poética, destacando-se em todo o Paraná por seus célebres poemas.
Durante anos de leitura e livros de história de Ponta Grossa, só foi possível resgatar uma pequena parte da história da vida deste ilustre cidadão, graças ao redator do Jornal “Diário dos Campos”, que, em 1915, prestou-lhes uma homenagem por ocasião de seu falecimento, levando ao conhecimento do público as injustiças sofridas. As autoridades não consideraram os inúmeros serviços prestados durante uma vida toda, que tanto beneficiou a população do Paraná, diminuindo distâncias e facilitando a comunicação tão necessária naqueles tempos.
Fontes:
Jornal Diário dos Campos – 1915. Acervo Casa da Memória.
Entrevista com Sr. Frederico Schenekemberg, concedida a Isolde Maria Waldmann em 1993.

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