quinta-feira, 14 de março de 2013

Bairro de Ponta Grossa e Taquaruçú

Os Campos Gerais foram sendo ocupados pelos portugueses por volta de 1704, data da fixação das primeiras famílias dando início ao povoamento das terras que compreendiam os campos de Curitiba e de Castro. Nestas terras havia dois bairros o de Ponta Grossa e o do Taquaruçú que estavam juntos, segundo apontamentos de (LOPES –1999).
Em 1725, a Sesmaria do Botuquara, pertenceu ao espolio do Coronel Domingos Teixeira de Azevedo, pai do Frei Gaspar de Madre de Deus, ilustre sacerdote e historiador paulista segundo apontamentos de (LEÃO-1926). Botuquara, origem ao nome Botu (mosca varejeira), mais (cuara ou quara) quer dizer buraco do vale.
Em 6 de abril de 1750, foi criados o Distrito de Ponta Grossa, com o nome de Campos Gerais, com sede na Fazenda Botuquara, com uma área aproximadamente de 10 mil km quadrados. Para administrá-la foram nomeados Juízes e escrivão, Srs. José Antônio Domingues dos Santos e Manoel de Carvalho Souza.
Segundo (LEÃO –1926), diz que: em 1753 residia no Alto de Sant'Anna, situado nos Campos Gerais, o Sr. Francisco Luiz de Ramos, talvez seja este o local onde se encontra altaneira cidade de Ponta Grossa.
Em 1791, os campos de Curitiba e o de Castro foram separados. Em Castro ficaram os bairros de Ponta Grossa e o do Taquaruçú. Mas, os moradores já existentes que ocupavam as terras de ambos os bairros, continuaram a povoar a região.
Devido à separação dos Bairros, em 11 de março de 1796, o Governador Gal Bernardo José Lorena, atendendo proposição do capitão-mor da Vila de Castro, criou uma Companhia de Cavalaria de Ordenanças para o Bairro de Ponta Grossa, tendo como comandante o Sr. Cirilo Borges de Macedo.
No Bairro de Ponta Grossa eram moradores bem conhecidos segundo (LOPES-1999): Domingos Antônio, Francisco Pedroso, José Ferreira Pinto, José Antônio de Oliveira, Joaquim Antunes, Inácio Antunes, Francisco Antunes, José Antunes, Marcelo Antunes, Antônio Antunes, Córdula Maria, Domingos Ribeiro, Simão Pinheiro, Luzia Gonçalves.
Com a criação da Freguesia de Ponta Grossa, em 1823, a localidade do Botuquara, ficou pertencente ao município de Ponta Grossa, tornando-se Fazenda pastoril para reprodução e melhoria da raça do gado. Em 1876, a terra do Botuquara foi demarcada 26 lotes com uma área de 3.043 hectares para colonização de poloneses e brasileiros.
Em 1930, foi construída a Represa do Botuquara cuja água de boa qualidade abasteceu a cidade até a década de 1960, quando foi desativada. A caixa para distribuição da água estava situada no alto, onde hoje é o (lixão), de onde partiam os encanamentos passando pela fazenda Modelo, vindo em direção ao centro da cidade. Na pequena praça ao lado do Colégio Gal. Osório, havia a caixa de água conhecida como Recalque, que também foi desativada para dar lugar ao Módulo Policial. (extintos).
Atualmente a localidade do Botuquara oferece área de lazer com infra-estrutura, mas, sem atrativo, pois muitos temem que sua água esteja poluída pelos solos freáticos que foram sendo contaminados ao longo do tempo, pela enorme carga de lixo sólido que são despejados todos os dias na área municipal, contaminando as áreas lindeira, pois o lixão está sob divisores de água.
Uma parte da antiga Sesmaria foi desmembrada para a formação dum núcleo para assentamento dos imigrantes, e, uma parte a Fazenda Modelo e outra área para o Exército.
O Bairro Taquaruçú, no século XVIII foi povoado por portugueses, africano e espanhol, onde moravam as seguintes famílias: Manoel Nunes Siqueira, André Domingues, Tomé Vieira, José Pedroso de Morais, José Alves de Aguiar, Margarida Domingues (viúva de Bartolomeu da Rocha Carvalhaes), Cristóvão da Silva, João Domingues, capitão Rodrigo Felix Martins, tenente Jeremias dos Lemos Conde, José Pinheiro, Pedro Freire, Antônio Fernandes de Siqueira, Manuel Paes Domingues, Aniceta Martins, Mateus Martins, Joaquim Carvalho, José Fernandes entre outros.
O antigo Bairro do Taquaruçú foi elevado a Freguesia com a denominação de Conchas antes de 1833, pois nesta já se constituía o distrito de Santa Ana de Conchas. Elevada a categoria de Vila em 26 de março 1881, através da Lei nº 297, com a denominação São Sebastião das Conchas pelo Decreto Lei nº 650. Sendo suprimido o município de Conchas, pelo Decreto Estadual nº 2439 em 5 de dezembro de 1931 e anexado ao Município de Ponta Grossa, passando a denominar-se Distrito de Uvaia. Sendo limitado pelo Decreto Lei nº 18-A de 22 de julho de 1938.
O atual Distrito de Uvaia, designação anterior de Município de Conchas está situada às margens do Rio Tibagi, a 754 metros de altitude do nível do mar. Foi sede do município do mesmo nome (extinto). Teve seu auge com um grande florescimento do comércio, mas com o passar do tempo perdeu sua hegemonia política e vindo a ser anexado ao município de Ponta Grossa.
Na segunda metade do século XIX, fez com que a população de Conchas Velhas encruzilhada do oeste de Ponta Grossa (via Taquari), mudasse para as margens do Rio Tibagi em Uvaia, em função da ponte e conseqüentemente maior movimento de muares, sua importância cresceu, era um local de pouso das tropas vindas do sul via Guarapuava. Os compradores de gado dirigiam-se até esta localidade para fazer negócios, com o declínio do movimento de tropas, Uvaia entrou em decadência.
Ainda por algum tempo, as carroças dos alemães do Volga, movimentaram a Vila; porém os caminhões vieram substituir as carroças, não havendo necessidade de pernoitar em Uvaia, levando ao seu abandono e, em 1931, a sua reintegração ao Município de Ponta Grossa, tornando-se local de veraneio dos ponta-grossenses as margens do Rio Tibagi, onde existem muitas chácaras de lazer.
Porém em setembro de 1877 chegaram ao Brasil os primeiros imigrantes russos, que se destinava a Província do Paraná, e efetivamente enviados para Ponta Grossa, Conchas, Entre Rios, etc. Os respectivos Municípios tiveram que se preparar para recebê-los, adquirindo terras por compra, fazendo a medição e distribuição dos lotes de cada colônia.
A antiga Freguesia de Santana de Conchas teve as suas terras demarcadas para a colonização, formando as seguintes colônias: Trindade com 22 lotes com uma área de 1966 hectares sendo ocupados por brasileiros e imigrantes russos alemães. Colônia de Tibagi com 50 lotes e 3.767 hectares povoados por russos. Colônia Taquari com 76 lotes com uma área de 8.773 hectares, ocupados por russos e brasileiros. Colônia Moema, com 1.216,7 hectares de área, possuindo 35 lotes, distribuídos entre 115 pessoas alemães do Volga.
No final do Século XIX, a vida nas colônias estava sendo deixada de lado, por causa da implantação da Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande, o que atraiu para a cidade muitos colonos, que vinham em busca de trabalho anunciado pelos grandes empreiteiros.
Os caminhos vindos dos campos situados ao noroeste de Ponta Grossa alcançavam a Ronda pelo roteiro Conchas velhas, Rio Taquari ou pelo caminho que passava pela atual Colônia Moema, Chapada e Bom Sucesso. Mais tarde, tropas oriundas de Guarapuava, norte e noroeste do Estado, davam preferência ao roteiro de Uvaia, Periquitos, e Ponta Grossa.
Atualmente a área do Distrito de Uvaia, com sede no Jardim Santana do Sabará, tem o seguinte perímetro: inicia na confluência entre o Arroio da Ronda com o Rio Tibagi, seguindo pelo Arroio da Ronda até encontrar a BR, 376, seguindo por este no sentido Nordeste, até encontrar o Rio Tibagi, seguindo por ele até encontrar o Marco Zero (confluência do Rio Tibagi com o Arroio a Ronda).
O Distrito de Periquitos, com sede no Bairro da Nova Rússia, tem o seguinte perímetro: inicia no encontro da BR 376 com o Arroio da Ronda, subindo por este até a cabeceira, donde em linha reta por uma linha seca alcança a cabeceira do Arroio Lajeado Grande, subindo por este até encontrar a linha férrea, seguindo por ela até a PR 11, seguindo por ela até encontrar o Rio Pitangui, no sentido Nordeste, seguindo por ele no sentido Norte até o encontro do Rio Pitangui com o Rio Areião, vindo pelo Rio Pitangui até o encontro com o Rio Tibagi, seguindo por ele no sentido sudoeste até encontrar a BR 376, seguindo por ela no sentido Sudoeste até encontrar o Arroio da Ronda.
Nesta região antigamente havia muita mata e animais selvagem, onde a caçada era o esporte preferido dos moradores. Havia uma parte destinada para as lavouras, onde eram feitas as roças e outra parte para as invernadas do gado.
Atualmente, possui algumas fazendas com criatórios e terra de planta onde é cultivada em grande escala a soja, o milho, o trigo, entre outros.

FONTES: Documentos Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, Lei N.º.306, de 18/11/99.
LEÃO, Ermelino. Dicionário do Paraná 1926, p.50.
LOPES, José Carlos Veiga, Origens do Povoamento de Ponta Grossa, 1999.

Isolde Maria Waldmann

3 comentários: